Quando em comparação com o primeiro semestre do ano
passado, queda nos divórcios averbados passou dos 30%. Restrições nos
atendimentos podem ter influenciado
Indo na contramão dos dados registrados no Rio Grande do
Sul, onde o número de divórcios consensuais cresceu 26,4% durante a pandemia do
coronavírus, a Capital Nacional do Vinho apresenta uma realidade diferente da
estadual.
Dados cedidos pelo registrador civil do cartório de Bento
Gonçalves, Gerson Tadeu Astolfi Vivan, apontam que, entre janeiro e julho deste
ano, 87 divórcios foram realizados. Em comparação com o mesmo período do ano
passado, quando o número chegou a 138 durante o primeiro semestre, a queda é de
36,95% nos atos.
Comparativo de 2019 e 2020 no perídio de janeiro a julho
Entretanto, Vivan alerta que neste ano, as dissoluções matrimoniais
foram comprometidas em virtude das restrições de atendimentos ocorridas no
início da pandemia. “Seja no Serviço de Registro Civil, nos Tabelionatos e,
também, no Foro Judicial, cujo atendimento presencial, neste último, sequer foi
restituído. Assim, certamente tivemos números menores, em parte, por causa
destas dificuldades”, esclarece.
Atos podem ser feitos de forma online
A partir deste ano, a realização de atos à distância, pelos
Cartórios de Notas de todo país, se tornou uma realidade. Assim, os divórcios
consensuais e que não envolvam menores, podem ser resolvidos de forma mais
prática, dispensando deslocamentos ou encontros entre as partes. Além disso, os
envolvidos têm a possibilidade de praticar o ato ao mesmo tempo ou até em
momentos diferentes, utilizando inclusive o celular.
Para realizar o divórcio de forma online, além de não terem
pendencias judiciais e filhos menores ou incapazes, as partes devem estar em
comum acordo com a decisão. O processo é feito na plataforma nacional
e-Notariado, onde, durante uma videoconferência conduzida por um tabelião, o
casal deve expressar a vontade de realizar o ato.
O tabelião do 2° Tabelionato de Notas de Bento Gonçalves,
Allan Poubel, afirma que essa possibilidade não surgiu em função da pandemia do
coronavírus, mas, da necessidade da classe notarial e registral avançar. “Há
muito tempo que se vem buscando construir um formato, uma maneira de praticar
os atos notariais eletrônicos sem que as partes precisassem vir ao cartório
presencialmente para assinar os documentos”, aponta.
Poubel comenta sobre como os divórcios podem ser feitos
de forma online
Apesar do avanço tecnológico, Poubel ressalta que toda fase
preliminar, que vai desde a conferência e envio de documentos, continua sendo
feita pelo método convencional.
Adesão
Ainda que já tenha implementado o serviço no cartório,
Poubel conta que ainda não praticou nenhum ato online. “Hoje, tenho condições
de praticar atos notariais eletrônicos, mas nunca fiz, porque ainda não tive
procura”, diz.
Questionado se acredita que haverá adesão ao serviço, o
tabelião afirma que sim, porém, poderá levar um tempo que é imprevisível. “Acho
que existe uma certa resistência no início, principalmente se tratando de
cidade pequena, onde as pessoas têm facilidade de se locomover e com isso
acabam vindo pessoalmente. Além disso, tem pessoas idosas, que também relutam
com isso. Não sei quanto tempo vai levar para as pessoas se habituarem e
preferirem, mas é algo que tem que estar disponível para quem precisa”,
comenta.
Fonte: Jornal Semanário