Se nós, caros colegas Advogados, desejamos evitar que a
nossa família seja catapultada para um filme de terror, em que as pessoas
adoecem ou são postas em quarentena, num país pobre, com uma população
despreparada, um governo titubeante e sem autoridade, em meio ao
desabastecimento generalizado e ao colapso do sistema de saúde, precisamos
proteger a nosso entorno. Não apenas os nossos filhos, não apenas os nossos
idosos, não os nossos amigos e parentes – a nossa comunidade, ampliando o
máximo possível o círculo ao nosso redor.
Se entre nós, alguém, alienado, não lê jornal, não pretende
acatar ordens e não tem estímulo para alterar em nada a sua rotina diária, esse
colega realmente pode fazer pouco pelo próximo... Cuide da sua família, isole
os seus idosos, os seus doentes e as suas grávidas, lave muito bem as mãos,
evite aglomerados a todo custo e permaneça calmo! Pense positivo, emita boas
vibrações, console quem está ao seu lado e saiba que, como tudo, o Covid 19
também passará.
Nós, Advogados, ao exercermos a nossa profissão, sabemos que
não há causa, por mais difícil que seja, que não possa ser enfrentada por meio
de uma estratégia adequada!
Assim, se a maioria de nós tiver alguma disposição, mínima
que seja, para mudar o curso de algumas pequenas rotas, comecemos agora, nesse
instante.
A primeira coisa que nós temos a fazer é pensar. Olhe à
sua volta, examine a magnitude do problema e procure desvendar quais seriam os
caminhos viáveis para minimizar a pandemia. Ponha as mãos à obra assim que
tiver traçado um plano estratégico possível e sustentável.
Há algumas obviedades: 1. nós não vamos evitar a
proliferação do contágio em escalas astronômicas no exíguo espaço de um mês; 2.
nós não vamos conseguir colocar a população brasileira em quarentena
voluntária, à exemplo da Itália setentrional; 3. nós não vamos conseguir
construir hospitais em poucos dias, como fizeram os chineses; não obstante, 4.
só há uma coisa sensata a fazer agora: diluir ao máximo a escala do
contágio para permitir ao sistema de saúde absorver os casos mais graves sem
entrar em colapso.
Então pensemos: o que nós podemos fazer na nossa vida, na
nossa casa, no nosso local de trabalho para diminuir o fluxo de pessoas em
transportes públicos e para reduzir o número de pessoas confinadas em ambientes
fechados?
Observem que é bem mais simples do que parece. Na crise da
gripe espanhola, a maioria de nós provavelmente não tinha nascido. Na crise de
2008, os mais jovens provavelmente não tinham nenhuma voz e tiveram que ficar
sentados assistindo o mercado derreter, sem poder fazer nada além de rezar.
Desta vez, quem não pode fazer nada é o mercado, os bancos centrais, os grandes
grupos econômicos. O trabalho tem que ser feito por um exército de heróis
anônimos do qual nós, Advogados, fazemos parte... Se estes protagonistas
demorarem muito para se mobilizar, de novo, não haverá nada que você ou eu
possamos fazer a não ser lamentar as enormes perdas que sofreremos
passivamente.
Mais uma vez, pensemos: quem podemos orientar? Quem nos
ouve? Quem vai se sensibilizar se nós nos mobilizarmos agora? Se você conseguiu
pensar em pelo menos 3 pessoas – a sua companheira ou seu companheiro, filho ou
filha, colaborador ou colaboradora - você não pode se omitir!
Há práticas muito simples que estão ao alcance de todos nós
(vou poupá-los de repetir todas as providências óbvias recomendadas pelo
Ministério da Saúde), a saber:
1. pare de se preocupar com o pânico, com o que vão dizer
das suas atitudes, com a retração do mercado: o mercado vai se retrair; vão
criticar as suas atitudes; e o pânico é exatamente o que você está tentando
evitar;
2. fique em casa o máximo possível: dê exemplo. Diga a todos
os seus amigos que você está ficando em casa para evitar a proliferação da
epidemia e tente propagar essa ideia. Não saia de casa se não for absolutamente
necessário;
3. converse com os jovens da sua família. Oriente-os para
reduzirem ao máximo as idas e vindas (vai ser difícil e dependerá do exemplo
que você der). Que evitem praias, viagens, churrascos, festas na casa uns dos
outros, que permaneçam em casa a maior parte do tempo e que procurem criar
atividades que permitam prolongar a permanência em casa sem sacrifício;
4. mantenha as crianças em casa, sem contato com outros
adultos a não ser os da família. Afaste os pequenos dos avós. Não leve crianças
nas casas dos amiguinhos. Se você conseguir não ir para o trabalho, permaneça
em casa com seus filhos pequenos. Eles vão adorar;
5. batalhe para que implantem o home office no seu
trabalho. Você não vai conseguir fazer isso do dia para noite, então comece
agora a tomar as providências para isso ser possível depois de amanhã;
6. sugira escala de trabalho alternado no seu ambiente de
trabalho para os profissionais que não podem se ausentar fisicamente. Procure
reduzir as equipes presenciais pela metade, de modo que a cada escala só
compareçam metade dos colaboradores. Proíba os vulneráveis de irem para o
trabalho mesmo se eles acharem que não precisam ficar em casa;
7. dê prioridade a todas as tarefas que puderem ser
adiantadas nessa fase de transição, de modo a facilitar a sobrevivência do
escritório na retomada das atividades, mais adiante;
8. mande os colaboradores de fora para as suas cidades de
origem, para que fiquem em companhia das suas famílias, trabalhando à
distância;
9. doutrine os colaboradores afastados para que eles
compreendam que não estão de férias: estão de plantão. Não devem usar o
transporte público, não devem sair de casa nos dias que você está concedendo a
eles porque a ideia é reduzir o fluxo de pessoas. O escritório faz a sua parte
e eles têm que fazer a deles;
10. dê preferência a reuniões virtuais. Evite que seus
clientes e fornecedores se desloquem até o seu local de trabalho, nem aceite ir
até eles;
11. dispense metade da carga de trabalho dos empregados
domésticos sem prejuízo de vencimentos. Eles podem permanecer em casa metade do
tempo, mas não podem perder metade do salário ou da diária. Você é que pode
perder a metade que paga a eles;
12. se você é privilegiado a ponto de ter mais de um
preposto em casa, alterne a carga horária deles. Dispense o segundo dia da
faxineira (e pague pelo dia dispensado);
13. antecipe as férias de quem iria gozá-las nos próximos
meses;
14. converse com os condôminos do seu prédio para implantar
um sistema diferente de limpeza. Parem de varrer a garagem e as calçadas e
coloquem os profissionais da limpeza de luvas, desinfetando diversas vezes por
dia os elevadores, os botões de acionar elevadores, as maçanetas das áreas
comuns, aparelhos de ginástica nas academias domésticas e quaisquer outros
locais onde haja trânsito de pessoas;
15. peça para os cuidadores de idosos que troquem toda a
roupa quando chegarem ao trabalho, caso utilizem o transporte público;
16. faça compras de supermercado mais volumosas para evitar
as saídas de casa, mas não provoque desabastecimento. Só compre o que você irá
consumir no próximo mês. Não compre o que você não usa. Não compre
exageradamente produtos de primeira necessidade tais como água, remédios,
máscaras, álcool gel, comida de bebê, fraldas, papel higiênico etc., adquirindo
quantidades que possam prejudicar as outras pessoas que necessitam dos mesmos
artigos. Você não deve estocar. Deve comprar para consumir;
17. use a internet para propagar as ideias boas que tiver.
Sejamos todos formadores de opinião. Use os seus grupos de contato para troca
de experiências: o que você está fazendo de bom que gostaria que os outros
fizessem também?;
18. desentupa as vias de comunicação virtual das conversas
polarizadas e das críticas ácidas aos políticos, aos outros países, aos outros
em geral (você vai ter o resto da vida para criticar quem você quiser – não
perca o seu tempo com isso agora). Vamos propagar mensagens positivas, coisas
engraçadas, vamos interagir com quem está isolado. Não esqueça dos seus idosos,
fale com eles por vídeo, envie mensagens para eles, sugira programas, filmes e
séries de TV;
19. aproveite esse tempo de guerra para redescobrir a sua
família, os seus verdadeiros amigos e as coisas mais simples do mundo, como ler
um bom livro, ouvir uma música sem ser interrompido, cozinhar para a família e
fazer aquela faxina nas suas coisas que você sempre deixava para amanhã; e, por
fim,
20. por um breve espaço de tempo você estará alforriado dos
prazos processuais, da pressão do relógio, do stress do trânsito, do barulho
das grandes cidades, da ansiedade do trabalho. Aproveite o lado bom das coisas
e que Deus nos proteja a todos!
Caros colegas Advogados, vamos em frente, façamos a nossa parte!
Fonte: Consultor
Jurídico