A partir de 2009 essa situação começou a mudar gradativamente e meninos e meninas com mais de 3 anos de idade passaram a ser adotados por famílias que não viam na idade um impeditivo para chamá-los de filhos. Para se ter uma ideia dessa mudança de paradigma, em 2009 dos 105 pretendentes a adoção, apenas um desejava ter um filho acima de 8 anos. Em 2010 esse número passou para 4 e no ano seguinte dobrou, chegando a 8 pretendentes.
Para a culinarista Claudia Miranda, 39 anos, que em 2009 adotou um menino com 8 anos, a idade não foi levada em consideração no momento delevar para casa Jullyender, um garoto
Cláudia começou então o processo de adoção, quebrando preconceitos que muitas vezes permeiam a adoção. Além de ser um garoto de 8 anos, Jullyender que foi parar no lar vítima de maus tratos, tinha seqüelas neurológicas, que afetaram sua idade mental e a fala. “Para mim isso em momento nenhum foi um problema eu já o amava como filho, queria ficar com ele, cuidar, dar amor e carinho”.
No dia 20 de outubro de 2009 Cláudia conta que recebeu uma ligação que mudaria para sempre sua vida. “O pessoal do Lar me ligou falando que precisavam ir na minha casa naquele momento. Eu pensei: ai meu Deus, aconteceu alguma coisa, será que não vão deixar mais o Jullyender vir aqui em casa?. Quando o carro do Lar parou em frente de casa o Ju, que estava deitado no banco para me fazer surpresa, apareceu e recebi a notícia que o juiz tinha liberado ele, que a partir dessa data ele ficaria conosco, que seria nosso filho. Foi uma emoção muito grande”, conta Cláudia, sem conseguir conter a emoção. “Eu chorava toda vez, porque na minha cabeça ele saiu de mim. Eu só pulei a parte de ter a barriga crescendo, mas ele é meu filho”.
O menino cresceu e hoje é um adolescente de 12 anos que cursa o 6º ano do ensino fundamental. Devido às seqüelas, Jullyender precisa fazer acompanhamento psicológico, neurológico e com fonoaudiólogo. Todo o tratamento é coberto pelo plano de saúde, que os pais fazem questão de pagar.
Além de ter um pai e uma mãe, Jullyender não cansa de falar que ama ter uma família completa. “Tenho avós, tias, tios e muitos primos, gosto muito de ter primos, queria também ter um irmão, quando eu crescer quero adotar uma criança”, afirma o adolescente, que com os olhos brilhantes e um belo sorriso, afirma que ama muito a família que tem. “Não precisa sair da barriga para ser filho. Realizei meu sonho de ter um pai, uma mãe, primos, avós.....dinheiro não é tudo, o importante é o amor”.
A família, que até então morava de aluguel, essa semana realizou um grande sonho, ter a casa própria, eles foram contemplados no Programa de Arrendamento Residencial (PAR), do governo federal. “Nem consigo acreditar que vamos nos mudar para nossa casinha, isso é maravilhoso. Depois que o Ju chegou só coisas boas aconteceram na nossa vida. Se tivesse condições financeiras, eu adotava outro”, garante Cláudia, que além de fazer comida por encomenda, trabalha de doméstica em uma casa três vezes por semana e aos domingos, junto com o marido, vende pastel na praça do Distrito da Guia. “Eu e meu marido trabalhamos muito, mas não reclamamos, pois tudo o que fazemos hoje é para dar uma vida melhor para nosso filho, pois ele merece”.
Como viveu 8 anos em uma instituição, Jullyender está aprendendo aos poucos a ter sua individualidade. “Na primeira festa de aniversário que fizemos, ele pegou os presentes e dividiu com os convidados, porque no lar era acostumado a dividir tudo. Tive que falar que os presentes eram dele, que não precisava dar a ninguém. No começo tinha que falar também para ele pegar as coisas na geladeira para comer, que a casa era dele. O Ju é um filho maravilhoso. Ele custou a me dar um beijo e um abraço, não era acostumado, hoje é super carinhoso”.
Para quem pretende adotar uma criança ou está na fila da adoção Cláudia tem um recado. “Adotar uma criança não é um bicho de sete cabeças, é preciso ter muito amor, isso sim é importante. Só experimentando para saber o quanto é maravilhoso”.
Elaine Zorgetti explica que enquanto os pretendentes que desejam bebês ficam na fila de espera de 3 a 5 anos, aqueles que fazem a adoção tardia demoram no máximo 6 meses aguardando.
Atualmente existem 600 pretendentes habilitados e cadastrados na Ceja, aguardando para adotar uma criança em Mato Grosso. A maioria dos pretendentes é formada por casais que têm de 25 a 30 anos, sendo que 50% deles já têm filho biológico.
No Estado atualmente 76 crianças e adolescentes estão aptas para adoção, pois já tiveram o poder familiar destituído. São meninas e meninos que viviam em situação de risco, foram abandonadas, eram vítimas de negligência ou maus tratos.
Padrinhos – As crianças que estão nos lares podem também ser apadrinhadas. Os interessados devem procurar a Ceja para se cadastrar.
Existem 3 modalidades de padrinho:
- Afetivo – leva o criança para passar os fins de semana e feriados em casa
- Prestador de serviço – presta algum tipo de trabalho ou auxílio
- Provedor – Paga cursos ou faz algum outro tipo de custeio.
Desde que o programa de apadrinhamento foi criado, em 2008, 13 crianças que eram afilhadas acabaram sendo adotadas. Atualmente 26 têm padrinhos, sendo 10 afetivos, 7 prestadores e 9 provedores.
“O apadrinhamento não está vinculado à adoção de forma alguma. Os casos que ocorreram foram conseqüência. É possível ser apenas padrinho, quem quiser adotar tem que se cadastrar para esse fim”, explica Elaine.
Outras informações podem ser obtidas na Ceja no (65) 3617-3121.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação do TJMT
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