Repetindo três vezes palavra 'talaq', o marido podia acabar com um
casamento muçulmano de maneira unilateral.
A Índia aprovou nesta terça-feira
(30) uma lei que criminaliza com penas de prisão a prática muçulmana do "talaq", pela qual um homem
pode se divorciar de maneira instantânea repetindo três vezes essa palavra, que
significa repúdio.
A Lei para a Proteção dos
Direitos Matrimoniais das Mulheres Muçulmanas, que impõe penas de até três anos
de prisão, recebeu a aprovação do Senado indiano por um placar de 99 votos a
favor e 84 contra — entre os 241 membros da Rajya Sabha (Senado) da Índia.
A norma, que já tinha sido
rejeitada em uma tentativa anterior, obteve aprovação graças à ausência de dez
parlamentares opositores e a abstenção de outro grupo, o que tornou mais fácil
conseguir uma maioria na votação.
A aprovação da lei representa uma
vitória para o partido hinduísta BJP, do primeiro-ministro Narendra Modi,
promotor da iniciativa, que não tinha votos suficientes para conseguir a
maioria necessária.
"Uma prática arcaica e
medieval finalmente foi confinada ao lixo da história! O Parlamento aboliu o
'triplo talaq' e corrigiu um erro histórico contra as mulheres muçulmanas. Esta
é uma vitória para a justiça de gênero e a igualdade na sociedade",
publicou Modi no Twitter pouco depois da votação.
O Partido do Congresso, a
principal legenda opositora do Senado, expressou inconformidade com a norma
argumentando que o conteúdo desta decisão quanto a oferecer garantia e
segurança à mulher.
"Quem pagará a indenização à
vítima (mulher) se o marido estiver na prisão? O governo dará compensação? O
projeto de lei tem pena de prisão de três anos. Mas o que acontecerá? Podem
continuar sendo marido e mulher depois de três anos? Este projeto de lei
destruirá famílias", disse durante o debate Satish Mishra, um dos legisladores
críticos da lei.
A norma também tinha opositores
dentro da comunidade de mulheres muçulmanas que também reivindicavam a
vulnerabilidade das famílias com a aplicação desta legislação.
Repetindo três vezes palavra
"talaq", o marido podia acabar com um casamento muçulmano de maneira
unilateral, uma prática que, segundo ativistas, afeta 67% das divorciadas
muçulmanas no país.
Além disso, o marido não
precisava estar presente e podia pronunciar o "triplo talaq" por
telefone ou enviar por carta ou pelas redes sociais, como Facebook e WhatsApp.
Os opositores da prática do
"triplo talaq" denunciaram que isto permitia aos maridos expulsar as
mulheres de casa de maneira repentina, deixando-a desprotegida na rua.
Em agosto de 2017, o Tribunal
Supremo da Índia já tinha declarado a prática como
"inconstitucional".
Fonte: Portal R7