Washington,
D.C. — O notariado brasileiro foi protagonista na Law, Justice and
Development Week 2025, fórum internacional promovido pelo Banco Mundial
entre os dias 3 e 5 de novembro, em Washington, D.C., reunindo autoridades,
juristas e especialistas de mais de 70 países para discutir o papel da inovação
digital na promoção do acesso à Justiça, da segurança jurídica e do
desenvolvimento sustentável.
Convidado
pelo Banco Mundial, o Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal
(CNB/CF) foi selecionado para participar do painel “Digital
Innovation in Preventive Justice: Secure Property Rights & Access to
Justice”, que tratou das inovações digitais em justiça preventiva e do
fortalecimento da segurança jurídica da propriedade. A delegação brasileira foi
composta pela presidente do CNB/CF, Giselle Oliveira de Barros, pela
Conselheira da UINL Ana Paula Frontini, e pelo conselheiro da UINL e
ex-presidente do CNB/CF, Ubiratan Guimarães. O painel foi moderado pelo
presidente da UINL, Lionel Galliez, e reuniu também representantes da
Itália, Benin e Indonésia.
Durante
sua exposição, Giselle Oliveira de Barros apresentou ao público internacional
o e-Notariado, plataforma que permitiu ao Brasil se tornar o primeiro
país do mundo a digitalizar integralmente todos os atos notariais, mantendo a
segurança jurídica, a fé pública e o controle jurisdicional sobre cada
operação. Criado em 2020 e regulamentado pelo Provimento nº 100/2020 do
Conselho Nacional de Justiça, o sistema é administrado pelo CNB/CF e reúne, em
um mesmo ambiente, identificação biométrica e biográfica,
videoconferência, assinatura eletrônica avançada e certificação digital
gratuita, garantindo que qualquer cidadão brasileiro — esteja onde estiver —
possa realizar escrituras, procurações, testamentos e outros atos notariais com
a mesma validade jurídica dos presenciais.
“Em
seis anos, transformamos 100% dos atos notariais em digitais”, destacou a
presidente, explicando que a plataforma evoluiu para integrar, de forma segura,
as Centrais Notariais e o Registro de Imóveis brasileiro,
permitindo que transferências de propriedade e demais negócios
jurídicos imobiliários possam ser concluídos de maneira totalmente digital.
“Essa integração transformou a experiência da aquisição de imóveis no Brasil,
diminuindo as etapas e o tempo médio de registro, além de melhorar a posição do
país nos rankings internacionais de eficiência jurídica”, completou.
A
presidente apresentou ainda os novos módulos do sistema, como
o Notarchain, blockchain permissionada que assegura rastreabilidade e
integridade aos atos; a Smart Escritura, que automatiza a confecção de
minutas contratuais; e a Conta Escrow Notarial, que garante liquidação
financeira segura de transações. Destacou também a incorporação
de recursos de Inteligência Artificial a partir de 2025, voltados à
prevenção de fraudes e ao cruzamento inteligente de dados anonimizados,
reforçando o caráter preventivo da atividade notarial e a aderência às boas
práticas internacionais de compliance e data
protection
Na
visão da presidente, o êxito da digitalização notarial brasileira é fruto de
uma construção coletiva que alia inovação tecnológica, regulação judicial e
confiança pública: “O e-Notariado é mais do que uma plataforma: é a
demonstração de que o uso da tecnologia pode ampliar direitos e democratizar o
acesso à Justiça. Cada cidadão que consegue assinar uma escritura remotamente,
mesmo estando a milhares de quilômetros de um cartório, é uma vitória da
inclusão jurídica e da segurança digital”, afirmou.
O
painel, realizado na sede do Banco Mundial, foi amplamente prestigiado por
representantes de países interessados em replicar o modelo brasileiro. O
presidente da UINL, Lionel Galliez, destacou o impacto global da experiência:
“O Brasil é um exemplo concreto de como a digitalização pode fortalecer a
Justiça preventiva. A presidente Giselle apresentou uma conquista notável: a de
permitir que cidadãos, mesmo em um território tão vasto, tenham acesso aos
serviços notariais e possam realizar assinaturas e comparecimentos à distância
com segurança e autenticidade”, declarou
Para
o membro do Conselho de Direção da UINL Ubiratan Guimarães, a presença
brasileira no Banco Mundial simboliza o amadurecimento de um projeto que vem
sendo construído há duas décadas no notariado latino: “É uma grande honra
participar deste evento que mostra ao mundo os avanços tecnológicos da
atividade notarial brasileira. O modelo nacional se tornou referência e inspira
reformas em diversos países”, afirmou.
Já a
Conselheira da UINL Ana Paula Frontini reforçou a importância do
reconhecimento internacional alcançado: “Estar no Banco Mundial, em um fórum
que discute soluções jurídicas globais, é a prova de que o notariado brasileiro
é hoje visto como uma das respostas mais sólidas para os desafios
contemporâneos da desjudicialização e da segurança digital. O e-Notariado é uma
experiência que o mundo inteiro poderá adotar”, comentou.
A Law,
Justice and Development Week é considerada um dos eventos jurídicos
mais relevantes do planeta, reunindo ministros, magistrados, acadêmicos e
instituições multilaterais em torno do debate sobre a modernização dos sistemas
legais e o fortalecimento do Estado de Direito. Em 2025, o Fórum deu destaque
ao papel das tecnologias emergentes — como blockchain, IA e
certificação digital — na construção de uma Justiça mais acessível,
eficiente e transparente, e reconheceu o notariado como ator essencial na
prevenção de conflitos e na segurança das relações civis e econômicas.
A
participação do Brasil consolidou o país como referência mundial
em inovação jurídica com segurança institucional, reafirmando o
protagonismo do notariado latino na promoção da Justiça preventiva. Em um
cenário global que busca equilibrar eficiência tecnológica com proteção
jurídica, o e-Notariado foi apresentado como um modelo que
alia transformação digital e preservação dos valores humanos e jurídicos
da fé pública, reforçando o papel do notário como guardião da legalidade, da
vontade das partes e da confiança social.
“O
que o Brasil mostrou ao Banco Mundial é que a transformação digital não é
apenas uma questão de tecnologia, mas de credibilidade, segurança e cidadania.
A justiça preventiva do século XXI passa pelo notariado digital, e o Brasil se
orgulha de liderar esse movimento”, concluiu a presidente do CNB/CF.
Fonte:
Notariado