Por Miguel Rocha Junior*
No filme “O Jogo da Imitação” (2014), do diretor Morten
Tyldum, o matemático Alan Turing (Benedict Cumberbatch) lidera uma equipe
durante a Segunda Guerra Mundial, quando o Governo britânico tem como meta
quebrar o famoso código utilizado pelos alemães para enviar mensagens aos seus
submarinos.
Mesmo sem computadores, tecnologias avançadas e acesso à
internet, a história, baseada na realidade, é perfeita para ilustrar a gênese
de toda a transformação provocada pelo uso da Inteligência Artificial (IA) nos
dias de hoje.
Embora alguns especialistas apontem que a IA pode gerar o
desemprego e a precarização do trabalho em países de todo o mundo, ela também
pode servir como uma aliada no processo de automação, incluindo os cartórios
extrajudiciais nessa tecnologia disruptiva do século XXI.
A revolução digital já começou e envolve inúmeros
programas e aplicativos atrelados a IA, como o ChatGPT, programa que tem a
capacidade de escrever respostas rapidamente para uma ampla gama de perguntas.
Os cartórios, assim como entidades públicas e privadas,
devem investir e desenvolver um entendimento sobre a IA, passando pelo
aprimoramento do profissional, com cursos, workshops ou, até mesmo, buscando um
diploma avançado.
Outra estratégia válida é desenvolver habilidades que a
complementem e incluem criatividade, inteligência emocional, pensamento crítico
e resolução de problemas complexos e não estruturados.
Já há inúmeras empresas que oferecem algumas ferramentas
para a área de compliance. No âmbito institucional e corporativo, compliance é
o conjunto de disciplinas para fazer cumprir as normas legais e regulamentares,
as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades
da instituição ou empresa, bem como evitar, detectar e tratar qualquer desvio
ou inconformidade que possa ocorrer.
Por último, podemos dizer que os cartórios podem aprender
a colaborar mais com a IA, pois inúmeras tecnologias utilizadas nos dias de
hoje já substituíram tarefas humanas realizadas antigamente.
Por exemplo, pode-se investir em análise de dados,
fundamental para mapear interesses e motivações dos consumidores, diminuindo a
necessidade de perguntar, frequentemente, as mesmas informações e de aprofundar
a geração de ofertas mais assertivas de acordo com os dados coletados nos
diversos locais onde os usuários deixam rastros digitais. A inteligência de
dados impacta não apenas na forma como interagimos com tecnologia, mas, principalmente,
como estruturamos as novas ofertas a partir dos gostos e hábitos dos consumidores.
A inteligência artificial já é uma realidade. Basta fazer
parte dela.
*Miguel Rocha Junior é um dos fundadores da Escriba Informatização
Notarial e Registral, além de CEO da empresa.