A Comissão Especial
de Desjudicialização do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
aprovou o projeto que cria o Selo Brasileiro de Desjudicialização. Agora, o
texto será remetido à diretoria e ao plenário do Conselho Federal da OAB para
deliberação final.
A iniciativa tem como
objetivo estimular e reconhecer projetos e ações que contribuam para a redução
do estoque de processos ativos que aguardam resolução. Segundo dados do
relatório Justiça em Números, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há cerca
de 74 milhões de processos nessa condição.
"Estamos em uma
luta para que a advocacia adentre em novos espaços e possa ter novas práticas.
O grande momento dessa Comissão é a aprovação unânime do Selo, que reconhece um
comportamento de uma empresa ou instituição como o ideal a ser praticado — e
isso vai incentivar todo um modelo de atuação", diz o presidente da
Comissão, o advogado e professor Diego Paiva Vasconcelos.
O Selo será
direcionado para empresas dos mais diversos segmentos, como companhias
telefônicas, bancos e concessionárias de energia elétrica e de água, além do
Poder Público.
O reconhecimento será
voltado também a iniciativas e projetos tecnológicos que visem à redução do
backlog processual e que possuam políticas efetivas para a sua efetivação, tais
como a utilização de ferramentas de ODR (Online Dispute Resolution) e a
aplicação de medidas inovadoras de prevenção de novas demandas judiciais, afora
outras medidas efetivas e inovadoras que auxiliem na desjudicialização.
Para Daniel Marques,
diretor-executivo da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), a
implantação pela OAB de um Selo que estimula a desjudicialização é o caminho
para um futuro mais célere para a sociedade. "O futuro está na conciliação
de conflitos. Diante disso, o Selo Brasileiro de Desjudicialização é essencial
para incentivar esse processo, cada vez mais importante para a população."
Já o diretor jurídico
da MRV Engenharia, Guilherme Silva Freitas, considera a aprovação do Selo um
marco para a sociedade e acredita que o projeto irá incentivar outras
instituições a seguirem o caminho da desjudicialização. “É um diferencial para
todas as empresas. Esse reconhecimento das práticas será uma forma de
incentivar outras a participarem. É algo que vai fazer com que a empresa busque
resolver os problemas de forma rápida e sem precisar levar para o Poder
Judiciário.”
Durante o evento,
Luciano Timm, professor da FGV responsável pela criação do serviço
“consumidor.gov”, e Clayton Camacho, ex-diretor do Bradesco, foram homenageados
pela Comissão. Os profissionais do Direito receberam uma placa de
reconhecimento por todo o trabalho realizado em prol da desjudicialização no
Brasil ao longo de suas carreiras. “É muito gratificante esse reconhecimento
por parte da Comissão. Desjudicializar não é deixar sem justiça, pelo
contrário. Fico muito feliz e espero que possamos construir de forma positiva”,
agradeceu Timm.
Outras iniciativas
Entre as atuais
iniciativas que podem contribuir para a redução da sobrecarga no Poder
Judiciário, o presidente da Comissão de Desjudicialização do CFOAB cita o PL
533/2019, que estabelece o conceito da pretensão resistida – que consiste na
demonstração de que o autor da ação procurou resolver o conflito antes de
demandar o Judiciário –, a execução fiscal pela via extrajudicial em Cartório
de Protesto e outras políticas adotadas por empresas que possibilitem mensurar
os ganhos advindos da eliminação ou diminuição drástica de suas carteiras de
processos.
A Comissão
A decisão da Comissão
Especial de Desjudicialização foi tomada em reunião ordinária do colegiado na
última sexta-feira (10/1), no Centro de Estudos de Direito Econômico e Social
(CEDEs), da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
Criado no ano
passado, o colegiado também conta com a participação dos juristas Clayton
Machado, Edvaldo Candido de Aquino, Fernando Alves de Pinho, Guilherme Silva
Freitas, Jailton Zanon da Silveira, Lucineia Possar, Daniel Arbix, Ricardo
Lagreca, Luciano Timm e Yve Carpi de Souza.
Com informações da
assessoria de imprensa da OAB.
Fonte: ConJur