A Escola Paulista da Magistratura (EPM) e a Corregedoria
Geral da Justiça realizaram o curso As repercussões da Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais nos serviços extrajudiciais de Notas e de Registros e o
Provimento 23/2020 da Corregedoria Geral da Justiça, sob a coordenação dos
desembargadores Marcelo Martins Berthe e Rubens Rihl Pires Corrêa e do juiz
José Marcelo Tossi Silva. O evento reuniu magistrados, registradores e notários
para discutirem a aplicação da LGPD, em especial o Provimento 23/2020 da CGJ,
que dispõe sobre o tratamento e proteção dos dados pessoais pelos responsáveis
dos serviços extrajudiciais.
Na abertura dos trabalhos, o diretor da EPM, desembargador
Luís Francisco Aguilar Cortez, agradeceu a participação de todos, em especial
do corregedor-geral da Justiça, desembargador Ricardo Mair Anafe, e da
corregedora nacional de Justiça, ministra Maria Thereza de Assis Moura,
destacando o trabalho dos coordenadores do curso. “A situação atual acelerou
uma série de providências que temos que adotar em relação à privacidade de
dados e isso também envolve os trabalhos extrajudiciais, que tão relevantes
serviços têm prestado à nossa sociedade”, frisou.
O desembargador Rubens Rihl Pires Corrêa, agradeceu o apoio
da direção da EPM, o prestígio dado pela Corregedoria ao setor de proteção de
dados e aos magistrados que se dedicaram a essa matéria. “Graças a esse
esforço, a Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo foi o primeiro órgão do
Poder Judiciário a emitir uma norma específica de lei de proteção de dados
dentro dos cartórios extrajudiciais”, ressaltou, enaltecendo o trabalho dos
magistrados que participaram da elaboração do Provimento 23/2020.
O desembargador Marcelo Berthe, assessor da Corregedoria
Nacional de Justiça e coordenador da área de Direito Notarial e Registral da
EPM, salientou o desafio da implementação da LGPD, “que tantos reflexos trará e
já está trazendo nas vidas de todos e especialmente nas atividades dos serviços
de Notas e Registros, guardiões de tantos dados sensíveis, exigindo muita
discussão e iniciativas como a de São Paulo”. Ele ressaltou a preocupação da
Corregedoria Nacional em dar um norte ao País na questão, sem interferir na
autonomia dos estados, enfatizando que a Corregedoria do TJSP já deu a primeira
grande colaboração para discussão do tema.
O corregedor-geral da Justiça, desembargador Ricardo Mair
Anafe, agradeceu a participação de todos, em especial da ministra Maria Thereza
de Assis Moura, bem como à direção da EPM e aos coordenadores do curso pela
colaboração na regulamentação a respeito da LGPD pela CGJ e pelo Tribunal de
Justiça, iniciada na gestão passada. Ele cumprimentou os juízes assessores
responsáveis pela elaboração do Provimento nº 23/2020, enfatizando que ele
procurou abarcar todas as linhas de atuação do extrajudicial. “O intuito de
todos nós é o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional e do Poder Judiciário.
Os delegados e serventuários são os responsáveis pelo trabalho do
extrajudicial, mas cabe ao Judiciário dar o suporte e o instrumental normativo
para que haja eficácia e efetiva aplicação. A LGPD se aplica a toda atividade
de coleta, tratamento e transmissão de dados e isso é primordial no serviço da
Corregedoria e do extrajudicial e o trato da lei guarda reflexos em relação aos
negócios jurídicos das relações internacionais”, ressaltou.
A corregedora nacional de Justiça, ministra do Superior
Tribunal de Justiça Maria Thereza de Assis Moura, agradeceu a oportunidade,
salientando que o Estado de São Paulo tem sido exemplo na proteção de dados, ao
ser o primeiro a editar um provimento para regulamentar a matéria. Ela
ressaltou que a LGPD constitui novo paradigma no tratamento das informações
pessoais dos cidadãos, com profundas repercussões na atividade judiciária e
importantes reflexos nos serviços extrajudiciais. “Os notários e registradores
atuam na proteção e tutela pública de interesses privados. Recebem e difundem
informações pessoais relativas ao estado das pessoas, às mutações
jurídico-patrimoniais dos indivíduos e pessoas jurídicas civis não
empresariais, conservam e preservam informações, desde o nascimento da pessoa
natural e jurídica até o seu perecimento. No exercício dessa atividade devem
ser conjugados e harmonizados os princípios da publicidade e da privacidade,
observando-se rigorosamente o princípio da legalidade, que alberga e se
coordena com o da finalidade”, frisou
Exposições
Iniciando as exposições, o juiz assessor da Corregedoria
José Marcelo Tossi Silva, coordenador da equipe do extrajudicial, discorreu
sobre o Provimento 23/2020, com a participação como debatedor do juiz Marcelo
Benacchio. Na sequência, o juiz Fernando Antonio Tasso, assessor da Presidência
do TJSP e coordenador da área de Tecnologia da Informação e Direito Digital da
EPM, discorreu sobre as medidas adotadas para a adequação do TJSP à Lei nº
13.709/2018, com a participação do desembargador Rubens Rihl.
Os trabalhos do primeiro dia foram concluídos com exposição
da professora Cíntia Rosa Pereira de Lima sobre a LGPD e as centrais de
serviços eletrônicos compartilhados, com a participação do desembargador
Marcelo Berthe e do registrador Sérgio Jacomino.
O curso teve continuidade hoje com um debate sobre aspectos
práticos e teóricos da aplicação da LGPD ao Registro de Títulos e Documentos e
Civil de pessoa jurídica, com exposição do registrador Ivan Jacopetti do Lago e
participação da juíza Tânia Mara Ahualli e do registrador Robson de Alvarenga.
Em seguida, foram discutidas questões práticas e teóricas da aplicação da LGPD
ao Registro Civil de pessoas naturais, com exposição do registrador Marcelo
Salaroli de Oliveira e participação do juiz assessor da Corregedoria Alberto
Gentil de Almeida Pedroso e do registrador Gustavo Renato Fiscarelli.
Na parte da tarde, foram debatidos aspectos práticos e
teóricos da aplicação da LGPD ao serviço de Protesto de Letras e Títulos, com
exposição do juiz Antonio Carlos Alves Braga Júnior e participação da juíza
assessora da Corregedoria Stefânia Amorim Requena e do tabelião de protesto
Mário de Carvalho Camargo Neto. Em seguida, o desembargador Luís Paulo Aliende
Ribeiro falou sobre questões práticas e teóricas da aplicação da LGPD no
Tabelionato de Notas, com a participação da juíza assessora da Corregedoria
Letícia Fraga Benitez e do tabelião de Notas Daniel Paes de Almeida, presidente
do Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo (CNB/SP).
O último painel foi dedicado ao debate dos aspectos teóricos
e práticos da aplicação da LGPD ao registro de imóveis e à publicidade
registral, com exposição do professor Juliano Maranhão e atuação como
debatedores do juiz assessor da Corregedoria Josué Modesto Passos e do registrador
Flaviano Galhardo, presidente da Associação dos Registradores Imobiliários de
São Paulo (Arisp).
Fonte: Defesa