O Estado passou de
135 testamentos, em abril, para 387, em julho
O registro de testamentos
em cartórios do
Rio Grande do Sul teve aumento de 187% em quatro meses, segundo dados do
Colégio Notarial do Brasil no Rio Grande do Sul (CNB-RS). Os dados mostram que
o crescimento começou um mês após o início da pandemia.
Segundo a instituição, o movimento mostra a preocupação em garantir que os bens
sejam corretamente destinados aos herdeiros em caso de morte. O Estado passou
de 135 testamentos, em abril, para 387, em julho.
— O testamento estava em desuso.
Com a pandemia, começou a aumentar muito a procura. A conclusão que chegamos é
que a população se assustou com o coronavírus e os testamentos, que eram feitos
por pessoas de bastante idade, passaram a ser feito pelos mais jovens. Em
agosto, tivemos casos de pessoas com 45 anos. Mudou totalmente o perfil —
avalia o presidente do CNB-RS, Ney Paulo Silveira de Azambuja.
Além dos jovens, os titulares de
cartórios relatam ainda o aumento na busca por orientações sobre os testamentos
por idosos e profissionais
da saúde. A presidente do Colégio Notarial do Brasil, Giselle Oliveira de
Barros, observa que perfis de cidadãos que antes não pensavam em planejamento
sucessório passaram a refletir mais sobre o assunto com a pandemia.
— O aumento da procura pelo ato
demonstra a preocupação das pessoas diante de um cenário difícil e de muitas
incertezas, sendo o testamento a melhor maneira de assegurar sua vontade, por
meio da orientação legal de um notário sobre como realizar a distribuição de
bens de acordo com a legislação vigente — afirma.
O testamento público é um documento
em que alguém declara como e para quem vai deixar parte de seus bens após a
morte — a outra, chamada “legítima”, deve ser dividida entre os herdeiros
naturais. Conforme Azambuja, o valor médio do registro no Rio Grande do Sul é
de R$ 410.
— Tem cartórios do Interior que
faziam um testamento por mês e, agora, chegam a fazer a 10. É um violento
crescimento — avalia.
O Amazonas foi
o Estado brasileiro que registrou a maior alta: 1.000%. Em seguida, aparecem
Ceará (933%), Roraima (400%), Distrito Federal (339%) e Maranhão (300%). No
ranking, o RS ficou na 11ª posição.
Para formalizar o documento, é
necessário ir até um Cartório de Notas com duas testemunhas que não podem ser
herdeiras ou beneficiadas, além dos documentos de identidade do dono do
testamento e das testemunhas. Não é necessária presença de advogado. Após
feito, o documento pode ser alterado e só terá validade após a morte de quem o
oficializou.
Número de testamentos no RS em
2020
Abril - 135
Maio - 322
Junho - 379
Julho - 387
Fonte: Gaúcha ZH