Protocolo disponível em todos os Cartórios de Notas
garante segurança e rapidez nas transações, que são feitas eletronicamente
Os atos de compra de imóveis, cessões, doações e
incorporações cresceram após a autorização nacional para que os atos notariais
de escrituras públicas e procurações possam ser feitos de forma remota, por
videoconferência, por meio da plataforma única e-Notariado. Desde maio, quando
teve início o provimento número 100, editado pelo Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), que disciplinou a realização de atos a distância pelos Cartórios de
Notas de todo o País, uma série de serviços, antes realizados de forma
exclusivamente presencial, passou a ser feita remotamente e assinada
eletronicamente, inclusive via smartphones. Desde o início do e-Notariado já
foram 5.309 escrituras, 2.354 procurações e 19.922 certificados notarizados. A
plataforma já conta com 1.406 autorizados a fornecer certificados.
O protocolo que garante mais comodidade e praticidade, tanto
às autoridades notariais credenciadas quanto aos usuários, também está
disponível em Santa Cruz. Nos dois cartórios, cerca de 40 certificados já foram
emitidos, além de atos eletrônicos como a compra e venda de imóveis, declaração
de união estável e procurações. O Cartório D’Martins – 1º Tabelionato de Santa
Cruz do Sul, o primeiro a lavrar uma escritura pública de compra e venda de
imóveis no município de forma remota por videoconferência, em 16 de julho, já
realizou 18 certificados digitais e-Notariados. O tabelião Luiz Dias Martins
Filho afirmou que embora o processo seja mais seguro e prático, muitas pessoas
ainda optam pelo serviço presencial. “É uma questão de cultura, até mesmo pelo
fato de estarmos com os horários de atendimento normais nos cartórios do
município. No entanto, à medida que os certificados vão se expandindo, as
empresas e pessoas físicas passam a ter condição de praticarem o ato
eletrônico. A única dificuldade no momento é que, para fazer o certificado, é
preciso ir até o tabelionato para providenciar o cadastramento biométrico”,
disse.
Atualmente, é possível fazer todos os serviços notariais de
maneira remota, como lavar escrituras de compra e venda de imóveis,
procurações, inventários, união estável, divórcio, pacto antenupcial, escritura
de compra e venda e atas notariais. O tabelião substituto Henrique Trentin, do
2º Tabelionato de Notas de Santa Cruz do Sul – Cartório Trentin, esclarece que
apesar do número de certificados digitais estar um pouco abaixo do esperado no
município, a procura por informações tem sido grande, inclusive por pessoas que
residem no exterior. “Temos 18 certificados e já lavramos algumas escrituras,
declarações de união estável e procurações. É pouco. Contudo, o número de
pessoas que pede informações sobre o processo aumentou, já tivemos consultas de
outras cidades e até dos Estados Unidos. Ligaram para fazer o procedimento
aqui, mas pelo fato de o sistema estar disponível somente no Brasil, isso não
foi possível.”
Popularizar e Expandir
Com atos notariais online já estabelecidos e reconhecidos em
todo o território nacional, a expectativa do Colégio Notarial do Brasil é que o
número de escrituras eletrônicas dê um salto em 2021. O presidente da Seção Rio
Grande do Sul (CNB/RS), Ney Paulo Silveira de Azambuja, explica que a ideia é
popularizar o certificado e chegar a 160 milhões. “O Brasil tem hoje cerca de 8
milhões de certificados digitais. É muito pouco, quando o ideal seria de 160
milhões. Quando tivermos um grande número, vamos poder aumentar os atos
eletrônicos.”
Além da segurança e da facilidade que o serviço proporciona
ao usuário, a grande vantagem é o princípio da territorialidade. Pelo
provimento, o adquirente pode ser de outra cidade e lavrar a escritura em
qualquer lugar do Estado onde o imóvel está localizado. Azambuja esclarece
ainda que o ato eletrônico veio para modernizar o sistema. “Serve para diminuir
custos e deslocamentos e agilizar processos. Antes, um divórcio no Fórum levava
de quatro a cinco meses para sair. Agora, sai em uma hora. O mesmo acontece com
os inventários, que antes levavam até três anos. Hoje saem em 30 dias. Enfim,
estamos resolvendo os problemas que, no Poder Judiciário, às vezes levavam anos
para serem solucionados com mais rapidez,” afirma.
Fonte: GAZ